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Leandro Vilar

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Vladimir Illich Ulianov (Lenin): Lenin, a 141 anos de seu nascimento

Texto de autoria do cientista politico e sociólogo argentino Atilio A. Boron


(Tradução minha)


Lenin, a 141 anos de seu nascimento


Em um dia como hoje, 22 de abril de 1870, nascia Vladimir Illich Ulianov, mais conhecido como Lenin. Fora a figura, decisiva na grande Revolução de Outubro, que abriria uma nova etapa na história da humanidade. Em sua curta vida, morreu aos 54 anos em conseqüência de um atentado que o deixou hemiplégico nos últimos anos de sua existência, foi não só um extraordinário dirigente revolucionário, mas também um excepcional intelectual. Autor de uma inumerável quantidade de artigos e livros que, em seu conjunto formam uma coleção de 54 volumes.

Além de ser um notável pensador, economista, sociólogo e filósofo, Lenin foi, além disso, um excepcional líder político: fora o principal dirigente da Revolução Russa, fundou a República Soviética que logo se converteria na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, resistiu as agressões e “sabotagens” das “potências democráticas” de seu tempo e criou a Terceira Internacional, fiel ao internacionalismo proletário e as necessidades organizativas da revolução mundial.

Desde muito jovem este notável político demonstrou a excelência de seu talento ao escrever uma série de obras, entre elas Quem são os amigos do povo? e Conteúdo econômico do populismo quando havia completado 24 anos. Aos 29 publicaria seu monumental Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. Porém não havia uma pitada de academicismo em seu trabalho; toda sua obra escrita tinha um só rumo: possibilitar o triunfo da revolução socialista que deveria por um fim no domínio czarista e no capitalismo. Sua produção teórica – impossível de revelar aqui, se quer de enumerar – fora excepcional, e tal como eu dizia hoje em minha página no Facebook, se Lenin fora um discípulo de Marx desde o ponto de vista econômico, Marx fora um precursor de Lenin desde o ponto de vista político e, sobre tudo, na estratégia e tática na luta revolucionária, terrenos por onde Lenin não só se elevou por cima de Marx, mas também de Engels.

Espírito antidogmático por excelência, para ele “o marxismo não era um dogma, mas sim um guia para ação”. Foi segundo minha modesta opinião um gênio que soube coroar com êxito uma empresa extraordinariamente difícil: combinar a arte da política com a ciência da política, coisa que ocorrem em exceções na história. Em poder unificar a arte e a ciência da política se converteu em um político dotado de uma inigualável capacidade para poder se decifrar todas as possibilidades, sempre variantes, encerradas em todas as conjunturas. Por isso “leia” a conjuntura como nada. Um exemplo basta: quando após um longo exílio na Suíça chega a São Petersburgo, um par de meses depois do inicio da Revolução de Fevereiro de 1917, deixa estupefatos seus camaradas do Partido Bolchevique quando, na mesma estação Finlândia nesta cidade, levanta o insólito lema “Todo o poder aos Soviets!” Seu partido caiu paralisado ante tão temerário lema, e tardou em mais de uma semana para digeri-lo e publicá-lo no Pravda, o órgão oficial dos bolcheviques. Porém os fatos confirmaram a verdade de seu lema.

Lenin dizia com razão que “sem teoria revolucionária não há prática revolucionária”. Desconfiava da espontaneidade porque era demasiado lúcido para ignorar que a abnegação e o sacrifício das massas estavam condenados a derrota se não dispusessem de uma boa teoria que os orientassem em suas lutas emancipatórias. “Nada mais prático do que uma boa teoria”, era outra de suas frases favoritas, contra aqueles que odiavam a teoria porque pensavam que era pura especulação. Lenin fora, em palavras de Gyorg Lúcaks, um “prático da teoria e um teórico da prática”, que reflexionava uma e outra vez sobre os desafios da vida prática e a necessidade de desenvolver a teoria marxista em consonância com os desafios da realidade. Os grandes personagens não fazem a história, porém sem ele a Revolução de Outubro muito provavelmente não teria ocorrido. Sua clareza ideológica, seu realismo, sua determinação e a formidável coerência de sua trajetória, cujo pivô articulador era a necessidade da revolução, se combinaram com o protagonismo das massas para derrotar o czarismo e a burguesia e abrir uma nova etapa na história da humanidade. Honremos sua memória que reside na sabedoria contida em suas obras teóricas e em suas intervenções de conjunturas, estudando seus argumentos e identificando, como ele o queria, seus acertos e seus erros. Mas, além disso, Lenin fez progredir como poucos a teoria marxista com sua reflexão sempre apegada com a prática e sua prática sempre coerente com suas teorias. E neste novo aniversário de seu nascimento que seja este breve tributo a homenagem de sua memória.


NOTA: A hemiplegia é a paralização total de uma das metades do corpo, causada por um grande impacto na cabeça, gerando hemorragia interna.

NOTA 2: Lenin morreu em 21 de janeiro de 1924.

NOTA 3: De 1917-1924 fora presidente da Rússia, fora sucedido por Josef Stálin o qual governaria a URSS por 31 anos.

NOTA 4: Stálin tentou mitificar e deificar Lenin, mesmo tendo fracassado no último, Lenin se tornou um mártir. Hoje em dia seu corpo quase mumificado pode ser visto em seu mausoléu na Praça Vermelha em Moscou.

NOTA 5: Eu tive a oportunidade de conhecer o professor Atilio Boron em uma visita deste a Universidade Federal da Paraíba no ano de 2010, onde o mesmo realizou uma palestra.




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